segunda-feira, 18 de maio de 2009

Reflexão de Temáticas – Sessão Nacional de Aveiro

O Agrupamento de Escolas de Aguiar da Beira é um agrupamento vertical que agrega todas as escolas do 1º Ciclo e pré-escolar do concelho. A sede do agrupamento é a Escola Básica 2º e 3º Ciclos com Secundário e é frequentada por cerca de 500 alunos acompanhados por 70 professores.

Sendo um Agrupamento de escolas do interior e distando cerca de setenta quilómetros da sede de distrito luta com as dificuldades daí inerentes. A não fixação do corpo docente que, oriundo de diversas partes do distrito e outras, se desloca para a Escola, dificulta o trabalho em equipa e a necessária discussão e análise de temas actuais e importantes, que estão na ordem do dia para qualquer instituição de ensino básico.

Este agrupamento foi candidato à formação do PNEP e é como formadora residente do programa que agora sinto as dificuldades do meu agrupamento em reunir os docentes, debater temáticas e extrair conclusões, pelos motivos já referidos. Os assuntos chegam até nós via oficial, são pouco divulgados, tomamos conhecimento e é tudo… O grupo do PNEP conta com sete formandos num universo de cerca de vinte professores do primeiro ciclo, a sua implementação tem sido difícil fora do âmbito da formação; toda a gente está demasiado ocupada com a Avaliação do Desempenho ou com a crise que avassala a todos os níveis.
Já todos ouviram falar dos Novos Programas de Língua Portuguesa para o Ensino Básico, já todos ouviram falar da Nova Terminologia Linguística, até já leram alguma notícia sobre o assunto mas o conhecimento e o debate real sobre estes temas é insuficiente, pelo que sinto que é uma necessidade fazer chegar aos professores do primeiro ciclo do meu agrupamento (além dos formandos do PNEP) as achegas e conclusões que retive do Encontro Nacional de Aveiro. Um privilégio que tenho como formadora do PNEP mas também uma obrigação, a de partilhar com os outros aquilo a que tenho acesso:

Novos Programas de Língua Portuguesa Para o Ensino Básico
Os novos programas surgiram tendo em conta factos como: estudos realizados sobre as dificuldades dos alunos em língua portuguesa nas suas vertentes de expressão oral, expressão escrita, leitura, escrita e conhecimento explícito da língua; uma deficiente articulação entre documentos orientadores em vigor e diferentes medidas; uma falta de articulação/progressão entre ciclos de ensino; uma didáctica do Português pouco sustentada e ausência de materiais de apoio; a necessidade de formação continuada, maior rigor científico e adequação pedagógica.

Assim, os Novos Programas de Língua Portuguesa para o Ensino Básico incorporam as novas práticas pedagógicas e os avanços metodológicos na didáctica da língua. Formulam abordagens adequadas à realidade e às circunstâncias actuais do ensino e da aprendizagem do Português, numa perspectiva dinâmica e permeável a realidades sociais e culturais em mudança.

O trabalho desenvolvido tem em linha de conta o Programa Nacional de Ensino do Português; o Plano Nacional de Leitura; um conjunto de recomendações surgidas no debate da Conferência Internacional e o Dicionário Terminológico que fixa os termos a utilizar na descrição e análise de diferentes aspectos do conhecimento explícito da língua.

São ponderadas expectativas e circunstâncias: as ferramentas e as linguagens facultadas pelas tecnologias da informação e da comunicação, estreitamente associadas a procedimentos de escrita e de leitura de textos electrónicos e à disseminação da Internet e das comunicações em rede; a presença de textos literários no ensino da língua, sistematizada em processos de conhecimento explícito do seu funcionamento e da sua gramaticalidade.

Os rumos pedagógicos delineados, construídos numa matriz comum aos três ciclos, em progressão e exigindo uma gestão curricular cuidadosa no momento da passagem de ciclo, deixam uma liberdade ao professor para interagir com a realidade das turmas e dos alunos. Os manuais são tidos em consideração como instrumentos de trabalho, cabendo ao professor colocar em primeiro plano os programas. O professor é visto mais como um gestor do ensino da língua portuguesa num equilíbrio entre o essencial na gestão do programa e a liberdade para o ajustar à realidade do cenário onde se desenvolve o processe de ensino-aprendizagem, em patamares, num processo contínuo, onde o saber se torna complexo, num quadro geral em que os três ciclos se articulam.

A importância de que se reveste a biblioteca escolar como pólo dinamizador das actividades escolares ou mesmo a biblioteca municipal em colaboração com as escolas do primeiro ciclo, o uso das TIC, o acesso à Internet, a divulgação dos escritos dos alunos, os espaços de leitura e escrita e as oficinas de escrita, são pontos fortes das novas práticas pedagógicas que são contempladas nos novos programas e que deverão ser desenvolvidos e promovidos no nosso agrupamento.

Pensamos que os programas apresentados vão ao encontro das novas exigências do ensino da língua; língua esta que não é mais a mesma e está em constante mutação, para os aprendizes que também são diferentes a cada dia e nos chegam das mais variadas proveniências culturais e sociais.

Será realmente um desafio enriquecedor que cada professor possa implementar os novos programas, no nosso caso articulando com o pré-escolar e com o segundo ciclo, respeitando a diversidade, promovendo a tolerância e a cidadania, com a Língua Portuguesa no processo de ensino-aprendizagem do primeiro ciclo.

Terminologia Linguística e conhecimento Explícito
A Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário – TLEBS é uma
terminologia linguística que foi criada por uma equipa de linguistas portugueses para utilização no ensino e aprendizagem da língua portuguesa nestes níveis de ensino. Surgiu porque havia uma falta de entendimento sobre os termos gramaticais a utilizar.

A TLEBS destinava-se a constituir referência para as práticas pedagógicas dos professores das disciplinas de Língua Portuguesa e de Português, bem como para a produção de documentos pelo Ministério da Educação em matéria de ensino e divulgação da língua portuguesa.

Em resultado da forte contestação pública de que foi alvo a aplicação da TLEBS nos manuais escolares e em contexto de aula, a Terminologia foi suspensa em 2007 pelo Ministério da Educação “para revisão” e discussão pública. Após a dita revisão, que se traduziu, sobretudo, em redução do número de entradas, a TLEBS foi transformada num Dicionário Terminológico em 2008.

A TLEBS encontra-se disponível online na página da DGIDC e deve ser um instrumento de trabalho. É um Dicionário que fixa o nome das coisas, permitindo-nos fazer associações entre um termo e o seu significado. Pretende assim ser uma ferramenta auxiliar para os professores que unifica o uso de termos ao longo do Ensino Básico e Secundário, permitindo um ensino explícito e sistematizado das unidades, regras e processos gramaticais da língua. Tem em vista o desenvolvimento do conhecimento explícito da língua nos alunos. Esta competência implica o desenvolvimento de processos metacognitivos, quase sempre dependentes da instrução formal e permite aos falantes o controlo das regras que usam e a selecção das estratégias mais adequadas à compreensão e expressão em cada situação de comunicação.

Deste modo os termos que aparecem na TLEBS não serão para indicar aos alunos, não vamos exigir aos alunos do primeiro ciclo que dominem termos como “conector” ou “valor anafórico” mas devem ser geridos pelo professor na sua planificação, decidindo o que usar de acordo com os Programas e o Currículo Nacional. O que o professor deve explicitar e como explicitar estará definido nos Programas. Além disso terá sempre de se basear numa boa gramática, deixo aqui a referência a duas delas: Celso Cunha e Lindley Cintra (1984), Mateus et al. (2003) e ainda o Fórum GramáTIC.pt online na Plataforma da DGIDC: http://moodle.dgidc.min-edu.pt.
- Neste período de transição entre os actuais e os futuros programas, será publicado um
documento didáctico, que apresenta os conteúdos de funcionamento da língua a trabalhar por ciclo e que faz a ligação entre termos e conceitos e os programas em vigor. Este documento didáctico, agora em processo de consulta pública, será completado por sugestões de materiais didácticos. (DGIDC- Relatório – Terminologia Linguística: revisão e consulta pública).